Base recuperada pela Junta de Freguesia data de 1730
Lage recoloca cruzeiro
um século depois de desaparecer
A Junta de Freguesia da Lage, Vila Verde,
recolocou, com o apoio da paróquia e da população, um cruzeiro em granito no antigo
lugar de S. Miguel, atual Rua S. Miguel-Ribeira, cerca de um século depois do
desaparecimento do primitivo, datado de 1730.
O ato foi assinalado na Sexta-feira Santa, através
de uma cerimónia que inclui a bênção do monumento religioso pelo pároco da
Lage, o padre Constantino Vilela Peixoto de Sousa, e na qual participaram o
executivo da Junta de Freguesia e dezenas de populares.
A autarquia decidiu repor o cruzeiro porque as
pessoas mais antigas da freguesia diziam que naquele lugar, junto ao Rio de
Fêbros, existia o cruzeiro de S. Miguel que servia para uma procissão que se
fez até aos princípios do século XX a partir da capela de S. Francisco Xavier,
da Casa da Quinta de Fêbros.
«Com a extinção da missa habitual que se celebrava
nessa capela particular, a procissão deixou se fazer e o cruzeiro foi
abandonado e acabou por desaparecer», conta o presidente da Junta com base nos
relatos de idosos da freguesia que se recordam dos pais falarem do cruzeiro de
S. Miguel e da procissão.
A única coisa que restou, prossegue Carlos Pedro
Castro, foi a base do cruzeiro com a seguinte inscrição: “P.N. [Pai Nosso]
Pelas Almas 1730”.
Durante as obras no caminho que deu origem à Rua
S. Miguel, há quase duas décadas, a pedra foi retirada para uma casa
particular. Sabendo da sua existência, a Junta de Freguesia tomou a iniciativa
de a recuperar e de recolocar o cruzeiro naquele que se julga ser o sítio
original.
«O nosso objetivo é recuperar o património e as
tradições que existam na freguesia e, assim, perpetuar a memória dos nossos
antepassados», refere o autarca.
O pároco da Lage espera, agora, que os fiéis
possam continuar a devoção pelas almas, se possível retomando a procissão que
existia antigamente.
Depois desta iniciativa, a Junta de Freguesia está
empenhada em criar um espaço interpretativo/informativo do Caminho de Santiago,
no Lugar do Penedo, entre a Casa do Hospital (antigo ponto de assistência a
peregrinos) e o denominado “Caminho dos Portos”.
Estes projetos de recuperação e valorização do
património material e imaterial, surgem após a recuperação e transformação da
Escola do Penedo numa casa de artes, em Bouçós, com a colaboração da Câmara
Municipal de Vila Verde e da D’Arte – Asociação de Artistas de Vila Verde. Este
edifício, que data de 1871, foi uma das escolas mais antigas do concelho, como
atesta um documento de nomeação régia do primeiro professor desse
estabelecimento escolar, passado em 1891.