20.11.16

"Conversas no Penedo"

Tertúlia revela novos dados
acerca da morte do "Chasco"

António Morais (ao centro) foi o orador convidado
A freguesia da Lage recordou e debateu, no dia de São Martinho, os acontecimentos que, há 100 anos, motivaram o homicídio de Domingos Gonçalves Pimentel, republicano, conhecido como "o Chasco", pelo vizinho Avelino José Ferreira, monárquico, proprietário da Casa do Alferes, naquela localidade. A Escola do Penedo encheu-se para mais esta "Conversa no Penedo" organizada pela D'Art - Associação de Artistas de Vila Verde, em que foi orador António Rodrigues Morais, mestre em História das Populações e Demografia.
Tertúlia na Escola do Penedo
No meio da confusão política e social que nos anos a seguir à implantação da I República reinava no concelho de Vila Verde, distrito de Braga, e a nível nacional, este homicídio não passou despercebido, até porque retrata a oposição entre monárquicos e republicanos. Por um lado, temos um descendente (neto) do Alferes, Tesoureiro das Ordenanças do Couto de Moure, João José Ferreira da Silva, que tinha o privilégio de poder trazer ao peito a medalha com a efígie de D. Miguel. Privilégio que lhe foi concedido em 1830 por D. Miguel. Assim sendo, o homicida era monarquista convicto e fiel. Por outro lado, temos um alfaiate republicano, também convicto, que se dava ao luxo de denunciar os Lagenses monárquicos à Administração do Município de Vila Verde.
No meio deste cenário, também há uma paixão entre a irmã do homicida monarquista e do próprio republicano ferrenho. Desta paixão, nasceu uma filha. O homicida Avelino sentindo-se desonrado devido a esta paixão que deu fruto e ao facto do pai da sobrinha ser republicano, decidiu resolver  a situação de uma só vez, matando-o com um tiro de revolver.

Rua em Bouçós onde ocorreu o homicidio
O curioso é que,  segundo foi relatado na tertúlia, depois do homicídio Avelino ainda foi comer umas castanhas e beber um copo de vinho a casa de um vizinho, o Sr. José Costa, a quem disse: “Ó Zé Costa matei agora um Chasco”.
Depois disso, ficou-se a saber também que a esposa do homicida vestiu-se à lavradeira e acompanhou-o na fuga até Pico S. Cristóvão, onde se escondeu. Quando o Avelino e a mulher iam a caminho de Pico S. Cristóvão, avistaram em Turiz, no Lugar da Lameira, as autoridades que vinham para o prender. Para evitar a prisão imediata, o Avelino e a esposa esconderam-se por detrás de um sobreiro, e depois continuaram o seu caminho até ao destino.
Nestas circunstâncias, as autoridades vinham numa carroça com “os rifes” prender os homicidas.
O presidente da D'Art, Maciel Cardeira, agradeceu a presença do orador, que ainda tem ligações familiares com os protagonistas deste acontecimento, devido ao seu casamento com uma descendente dos mesmos, e de Jorge Oliveira, lagense, que moderou o debate.
Esta “Conversa do Penedo” teve como objectivo principal sensibilizar e alertar para as posições extremistas, que nunca trarão nada de positivo. Além disso, a evocação destes acontecimentos antigos ajudam a preservar a memória colectiva das comunidades, a valorizar a história local, inserida nos acontecimentos nacionais, e a enriquecer o presente e o futuro da freguesia da Lage e dos Lagenses, como disse o moderador.

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